Ministério pastoral é para mulheres?



O debate sobre o ministério pastoral da mulher é atual e relevante para a igreja cristã. Qual é a relevância? Se é o Senhor quem dá à igreja os seus dons ministeriais, ficamos diante de duas situações: Se reprovarmos o pastorado feminino e ele for bíblico, pecamos; se aprovamos o ministério pastoral feminino e a Palavra de Deus não ordena tal coisa, também pecamos. Precisamos descobrir o que a Bíblia fala a este respeito.

Fiz uma outra postagem sobre uma troca de mensagens que tive com um certo pastor que apoia o ministério pastoral feminino. Além deste evento, com o passar do tempo discuti este assunto em diversas ocasiões e em meio aos ataques e defesas, observei um fato muito interessante: Aqueles que defendem o ministério pastoral feminino trazem alguns argumentos dentre os quais posso destacar: primeiro, o argumento sociológico (a posição da mulher nos tempos atuais); segundo, o argumento sobre a cultura da época (a Bíblia não apoia devido à cultura da época); terceiro, apelam ao pragmatismo (se funciona, é certo) e por fim, em quarto lugar, apresentam textos bíblicos que demonstram as atividades femininas nas cartas paulinas e nos evangelhos para provar que é correto ordenar mulheres ao ministério pastoral.

Gostaria de apresentar as refutações a cada um destes argumentos e às interpretações errôneas dos textos usados para defesa do ministério pastoral feminino, tendo como premissa que Palavra de Deus é suficiente para nos dar respostas e nossa única regra de fé e prática, e por isto permaneço aberto às refutações desde que sejam bíblicas.

Para evitar que eu seja entendido erroneamente, gostaria de deixar muito claro que:
1° As mulheres têm papéis indispensáveis na igreja (são citadas frequentemente nos evangelhos e cartas paulinas);
2° As mulheres não só podem mas devem ser propagadoras do Evangelho de Cristo (isto é papel de todo crente, ordenado ao ministério ou não, homem ou mulher).

Este artigo será dividido em três partes principais: Refutações aos argumentos mais utilizados em defesa do ministério pastoral feminino; Refutações aos textos bíblicos utilizados em defesa do ministério pastoral feminino e por último, Textos bíblicos que descartam a possibilidade de liderança feminina.


Refutações aos argumentos mais utilizados em defesa do ministério pastoral feminino:



O argumento sociológico: "As mulheres ocupam lugares de destaque hoje nas empresas e até no governo! Elas são vistas como seres humanos iguais aos homens e tão capazes quanto eles de realizarem qualquer tarefa. Você não teve uma professora na faculdade? Nunca teve uma chefe no trabalho? Por que não pode então a mulher se uma pastora?"

Resposta: A Palavra de Deus não faz afirmações sobre como empresas devem funcionar, se é melhor promover uma pessoa do sexo masculino ou feminino aos cargos de gestão. Se uma mulher é mais competente do que um homem, ela deve ter prioridade dada a sua capacidade superior aos demais inclusive de outras mulheres, normalmente fruto de esforço pessoal. Se numa democracia o povo elege uma mulher para tomar a liderança de um país, assim deve ser e Deus não tem prescrições em sua Palavra sobre estes detalhes seculares. Quando tratamos de ministério eclesiástico, por outro lado, temos orientações claras e precisas na Bíblia sobre quem deve ser ordenado, as qualidades necessárias, e um destes requisitos é se seja um homem, não qualquer homem, mas um homem vocacionado e devidamente capacitado para a obra e de bom testemunho.
Há uma ordem natural declarada na carta de Paulo "Deus é o cabeça de Cristo, Cristo do homem e o homem da mulher" (1 Co 11.3). Assim como o fato de Deus ser o cabeça de Cristo não faz do Filho inferior ao Pai, assim também a mulher não é inferior ao homem, a distinção é hierárquica apenas.

O argumento cultural: "Na época de Paulo, as mulheres nem eram alfabetizadas! Paulo poderia ter ordenado mulheres sem problema algum se a sociedade daquela época não visse as mulheres como meros objetos dos homens."
Resposta: Jesus não se preocupou em quebrar paradigmas culturais da sociedade de seu tempo. Relacionou-se com samaritanos, manteve contato com mulheres pecadoras, publicanos, escolheu homens simples que em nada impressionavam por suas qualificações, Jesus não precisava da aprovação da sociedade para escolher seus seguidores, se quisesse escolher mulheres para compor o colégio apostólico, poderia ter feito. Dizer que Paulo escreveu suas orientações proibindo a mulher de exercer autoridade na igreja por que isto era coerente com a cultura da época, abre precedentes inclusive para aceitação e ordenação de homossexuais nas igrejas cristãs, afinal, se é verdade que ele escreveu o que escreveu por causa da cultura da época, quem pode negar que as afirmações nas epístolas à respeito da homossexualidade também não o foram pelo mesmo motivo. Se achamos argumentos para defender a ordenação feminina, o mesmo princípio nos obriga a ordenar homossexuais.

O argumento pragmático: "As mulheres vão aos lugares que os homens não têm coragem de ir! Eu conheço uma pastora que é muito usada por Deus, como Deus a usa se ele não concorda com a ordenação de mulheres? Paulo era um machista!!!"
No Éden, Deus colocou Adão e Eva, Adão como líder e Eva como sua ajudadora. No dilúvio, Deus falou com Noé, que era o líder de sua casa e não com sua esposa. Ao formar um povo que o buscasse, chamou Abraão, incluiu Sara na promessa mas tratava diretamente com Abraão que era o líder. Ao formar as tribo de Israel e não a filha, Deus escolheu os filhos homens de Jacó para serem líderes de suas tribos. Ao libertar o seu povo do Egito usou Moisés e Arão seu irmão para liderar o povo, separou a tribo de Levi para o sacerdócio e os sacerdotes eram sempre homens. Dos profetas levantados por Deus com palavras de correção para o povo ficaram registrados para nós no cânon os profetas maiores e menores, todos homens. Ao descer do céu e tomar forma humana, o Criador tornou-se homem, nos ensinou a orar ao Pai e não à mãe. Escolheu doze apóstolos, e quando Judas deixou o seu apostolado havia duas opções masculinas, dos quais Matias foi escolhido, ao chamar outro apóstolo, escolheu Paulo que era homem e que ensinou de acordo com a inspiração divina do Espírito Santo sobre os requisitos necessários para os que fossem escolhidos para líderes da igrejas que deveriam ser homens capacitados e que governassem bem as suas casas. João escreve cartas às sete igrejas da Ásia Menor, todos homens. Quem era machista? Paulo? O Espírito Santo que o inspirou? O Pai ou o Filho? 
Vemos na Bíblia Deus se utilizando de mulheres, crianças, jovens, e até uma jumenta para realizar a sua vontade! Mas será que este é o ideal? 
"Os opressores do meu povo são crianças, e mulheres dominam sobre ele; ah, povo meu! Os que te guiam te enganam, e destroem o caminho das tuas veredas". Isaías 3.12


Refutações aos textos bíblicos utilizados em defesa do ministério pastoral feminino


Êxodo 15.20 “A profetisa Míriam, que era irmã de Arão...”
2Rs 22.14 “Então, os sacerdotes... foram ter com a profetisa Hulda.”

Ne 6.14 “... profetisa Noadia e dos mais profetas ...”
Lc 2.36 “Havia uma profetisa, chamada Ana...”
At 21.9 “Ele tinha quatro filhas solteiras que profetizavam.”

Profetas não eram dons de liderança para o povo. Eram levantados por Deus para proclamar a Palavra de Deus em tempos de rebeldia do povo de Israel e Judá, como Hulda por exemplo. Ana chamada de profetiza ainda está no contexto da antiga aliança. Ana estava no templo, mas não era sacerdotisa, os sacerdotes eram a autoridade constituída por Deus. Ana poderia compartilhar com os seus conterrâneos a palavra de Deus mas não há informação alguma de que exercia alguma autoridade sobre eles. Em Atos 21.9 fala sobre irmãs que profetizavam. O ministério profético conforme havia no AT encerrou-se com João Batisa (cf. Lc 16.16). As profecias no NT não dependiam de uma ordenação especial pois tratavam-se normalmente de predições (Atos 11.28), que estavam sujeitas ao julgamento da igreja pois não eram autoridade incontestável, Paulo até falou que as mulheres para profetizar na igreja deveriam cobrir a cabeça como sinal submissão (1 Co 11.5). Diante do exposto, será correto afirmar que as profecias verbalizadas por mulheres no NT é um bom argumento para a liderança feminina na igreja, se ao fazer isto a orientação era que cobrissem a cabeça como declaração de submissão?

Juízes 4.4 “Débora, mulher de Lapidote, era profetisa, julgava a Israel naquele tempo...”
Débora era juíza de Israel como diz o texto. Seria este um texto que demonstra a aprovação de Deus à ordenação feminina ao ministério pastoral? 
A leitura do texto a seguir pode trazer luz a isto: "E disse ela: Certamente irei contigo, porém não será tua a honra da jornada que empreenderes; pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera. E Débora se levantou, e partiu com Baraque para Quedes". (Juízes 4:9)
Analisemos que diante de uma batalha, Deus ordena que Baraque lidere a guerra, e o que ele faz? Mostra-se covarde. Mesmo para Débora que era juíza, era uma vergonha, um exercito lutar tendo à sua frente um mulher. Será que havia um homem corajoso para liderar o povo? Certamente não. Deus não deixará de cumprir seus desígnios por que alguém se tornou frouxo, mas certamente para cada mulher à frente da obra de Deus, há um ou mais homens se recusando a fazer o que Deus lhes mandou, e darão conta disto. 

João 4. 27-29 “Naquele momento chegaram os seus discípulos e ficaram admirados, pois ele estava conversando com uma mulher... Em seguida, a mulher deixou ali o seu pote, voltou até a cidade e disse a todas as pessoas: Venham ver o homem que disse tudo o que eu tenho feito. Será que ele é o Messias?”
Este texto mostra uma mulher anunciando Jesus em Samaria. Ninguém precisa ser ordenado ao ministério para pregar o Evangelho e convidar pessoas para que conheçam ao Salvador pois este é o dever de todo crente, e não só de pastores ou evangelistas.

Romanos 16.1-6 “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está servindo à igreja de Cencréia, para que a recebais no Senhor como convém aos santos e a ajudeis em tudo que de vós vier a precisar; porque tem sido protetora de muitos e de mim inclusive. Saudai Priscila e Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; e isto lhes agradeço, não somente eu, mas também todas as igrejas dos gentios; saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles. Saudai meu querido Epêneto, primícias da Ásia para Cristo. Saudai Maria, que muito trabalhou por vós.”
Filipenses 4.3 “E a você, meu fiel companheiro de trabalho, peço que ajude essas duas irmãs. Pois elas, junto com Clemente e todos os outros meus companheiros, trabalharam muito para espalhar o evangelho. Os nomes deles estão no Livro da Vida, que pertence a Deus.”
Este texto claramente demonstra que as mulheres eram ativas na cooperadoras, e que se esforçavam para o bem estar da obra de Deus. Seria um excelente texto para citar caso a questão fosse "a mulher deve fazer o seu papel de cristãs ou não?" mas a questão não é esta. Como já afirmei há tarefas que são comuns a todos os crentes, homens ou mulheres, a saber: a pregação do evangelho ao pecador, o serviço de ajuda financeira e de outras naturezas aos que se afadigam na obra,etc.


Textos bíblicos que descartam a ordenação de liderança feminina


A Bíblia revela a vontade de Deus a respeito das qualificações da liderança da igreja? Com certeza sim e para isto leremos os texto de Timóteo 3.2-7 e Tito 1.6-9 para depois compará-los com textos prescritivos a respeito do papel da mulher no lar e também na igreja em 1 Timóteo 2.11; 

"Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;

Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento;

Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia
(Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? ) ;
Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.
Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo". (Timóteo 3:2-7)



"Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes.

Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;

Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante;
Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes."
(Tito 1:6-9)



"A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão."(1 Timóteo 2.11)

"Marido de uma só mulher"
Este texto refere-se a proibição da poligamia numa sociedade onde ainda havia esta prática entre aqueles que se achegavam à fé. Se houvesse pastoras nas igreja primitivas, Paulo poderia ter usado termos genéricos como "casados com uma só pessoa", mas a sua orientação pressupõe que está falando de igrejas que possuem lideranças do gênero masculino.

"Que governe bem a sua própria casa... se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?"
A liderança da igreja deve ser precedida pela liderança no lar. É claro que excetua-se o pastor que como Paulo e Timóteo seja solteiro pois neste caso há ausência de uma família que lhe seja submissa, mas quando uma mulher torna-se pastora, como poderá cumprir este requisito? 

"Não permito, porém que a mulher ensine"

Não há outra forma de interpretar o que Paulo diz aqui. Alguém pode não concordar com ele, mas não poderá dizer que Paulo pretendia dizer algo diferente. O motivo por que Paulo faz esta proibição é declarado, não se trata de cultura, nem de machismo mas "Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher", isto é, por causa da ordem na criação, por que Deus deu à mulher o ofício de ser ajudadora do homem e por causa da queda, pois à mulher foi dito que "o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará" (Gn 3.16).

"nem use de autoridade sobre o marido"
A mulher deve submeter-se à autoridade do seu esposo assim como a igreja está sujeita a Jesus. Com o advento do feminismo e sua influência na igreja, algumas pessoas passam a interpretar que a mulher não é submissa ao marido, mas à missão dada ao marido, igualando assim a autoridade de ambos (vi certa vez uma líder se senhoras dizer isto no púlpito). A verdade é que a esposa é ajudadora do marido e submissa a ele, sim a ele e não à missão dada a ele, assim como a igreja se submete ao Senhor. "De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos." (Ef 5.24).
Será possível ordenar uma mulher ao ministério e o ministro deve governar a sua própria casa, e a mulher não tem autoridade para tal? Poderíamos repetir a fala de Paulo "se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?".


Conclusão

Há outros textos que poderiam ser citados aqui, mas creio que o que foi exposto já serve de esclarecimento para quem ainda tenha dúvidas sobre isto.
A mulher tem liberdade para ensinar outras mulheres (Tito 2.3-5) pode profetizar se impulsionada pelo Espírito Santo, como vimos alguns exemplos acima e também em (1 Co 11.5-6) e tem para Deus tanto valor quanto o homem (Gálatas 3.29). As diferenças são apenas de funções, e não de valor. Sei que há muitas mulheres no ministério pastoral e do ensino, e não posso afirmar que estão no erro, pois como vimos, Deus pode usar quem quiser para o cumprimento dos seus propósitos mas estou convencido de que estas são exceções à regra, e de caráter provisório.


SDG

Comer de Cristo: Uma dieta para a vida eterna. João 6.48.58




Eu sou o pão da vida.

Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram.

Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.

Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.
Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer?
Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.
Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.



Jesus encontra-se com uma multidão afoita que o buscava desde o dia anterior. Este episódio sucede dois eventos muito marcantes do ministério de Cristo: uma multiplicação de pães e peixes, quando com apenas cinco pães e dois peixes ele alimentou aos mais de cinco mil presentes, e depois quando foi encontrar os seus discípulos em meio à uma tempestade, andando sobre as águas. 
A multidão queria mais comida, a achava que um homem que pode fazer tanto com tão pouco deveria ser rei para resolver todos os problemas da sociedade de então. A motivação da busca a Cristo era carnal, mundana, secular.
Jesus afirma figuradamente que é o Pão da Vida, e que este pão é sua carne e sangue que devem ser “comidos” por qualquer que queira ter vida eterna. Ele sugere uma mudança de motivação. Ele é o pão vivo, o pão da vida, e crer nele é alimentar-se deste pão. Alimentar-se de Cristo significa comer dele mesmo, e não do que ele oferece, é buscar a ele mesmo e não as coisas que ele pode nos dar neste plano físico. 
Tanto na época de Jesus quanto hoje,o pão representa a fonte de nutrição do corpo, sustento, manutenção da vida, e quando comemos do pão, o nosso organismo o absorve e seus nutrientes tornam-se parte de nós. Ao comer o pão da vida, Jesus está em nós e nós nele, a própria vida de Deus esta em nós.
A expressão que Jesus usa traz escândalo aos judeus. Não é correto pela lei, tradição e cultura judaica comer carne humana, beber sangue, mesmo uma figura de linguagem que se utilize destes termos é inadequada.



Compreendemos porém que buscar a Jesus e dele se alimentar é o mais nobre objetivo da vida de um homem, ao invés de gastar toda a nossa vida em coisas que aqui mesmo serão descartadas e que não têm proveito permanente, podemos ir à busca de Cristo e receber dele vida eterna.

Encontramos no texto de referência pelo menos três motivos pelos quais podemos escolher o pão celeste (Cristo) ao invés do pão terreno, obedecendo ao mandamento de Cristo: "Trabalhai não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna...".



Em primeiro lugar, a qualidade do pão celeste, Jesus que é superior em tudo ao pão terreno. Jesus disse: "Moisés não vos deu o pão do céu; mas meu pai vos dá o verdadeiro pão do céu" (João 6.32). Quando Jesus diz que o pão terreno perece, faz referência ao fato de o pão ter um prazo de validade, o próprio maná que vinha milagrosamente ao povo "do céu", deveria ser consumido no mesmo dia pois se ficasse alguma sobra já não serviria mais. O maná era o tipo, Cristo, a realidade. Enquanto o maná como qualquer pão comum mantinha nutrido o corpo provisoriamente, mantendo a mesma vida, Jesus sendo o verdadeiro pão do céu dá uma vida superior àqueles que o buscam, vida eterna. Já disse certo puritano que "a vida do corpo é a alma, a vida da alma é a fé, e a vida da fé é Cristo". Jesus é a fonte de vida espiritual, ele é a própria vida de Deus em nós.




Em segundo lugar, há muito de Cristo para todos! Não se esgotará o pão da vida para todos os que o buscam. A garantia nos é dada no versículo 35: "aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede". Ele garante que nunca estaremos desprovidos deste pão enquanto estivermos buscando a ele! No reino de Deus pode haver pessoas pobres, humildes, de vida simples, e muitos cristãos ao redor do mundo podem até padecer por certo tempo de fome do pão terreno, mas sempre têm o pão celeste em fartura, e alimentam suas almas com ele. 




Em terceiro lugar, podemos ir a Jesus, nos alimentar dele por que temos certeza de que nunca seremos rejeitados ao buscá-lo. Quando vamos a Cristo, é o Pai quem nos conduz e ele nos recebe como enviados do Pai, e jamais nos lançará de sua presença! Lemos no verso 37: "Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora". Adquirimos o pão da vida sem dinheiro, sem mérito, somente por boa vontade e amor divinos, que garantia temos de que sempre seremos aceitos, já que se trata de uma doação e não de obrigação da parte de Deus? Jesus garante, pela seu compromisso com o Pai que nunca, em hipótese alguma rejeitará os que forem a ele, pois se foi o Pai quem os deu, será uma questão de compromisso entre o Pai e seu amado Filho!


O que este texto bíblico tem a ver com você leitor? Poderíamos refletir sobre isto com as seguintes perguntas: Qual é o seu pão preferido neste dia? O que você busca a maior parte de seu tempo? Sairá de um especial com Cristo em posse de bênçãos terrenas ou como posse do próprio Cristo?

Ao ouvir o discurso de Jesus muitos de seus discípulos se ofenderam e não queriam mais andar com ele mas ao ser questionado, Jesus agrava a ofensa e ainda pergunta: “Quereis vós também retirar-vos? (verso 67). Você pode ficar aos pés de Cristo mesmo que isto exija a quebra de paradigmas e a auto renúncia ou ir embora sem provar do dom de Deus e permanecer com a mesma noção de vida: fraca, falida, religiosa, sem poder, morta, sobretudo sem garantia nenhuma da parte de Jesus. Se o Pai o está trazendo, venha a Cristo!


SDG

Como aquela pecadora se aproximou de Jesus


Ao saber que Jesus estava comendo na casa do fariseu, certa mulher daquela cidade, uma ‘pecadora’, trouxe um frasco de alabastro com perfume,

e se colocou atrás de Jesus, a seus pés. Chorando, começou a molhar-lhe os pés com as suas lágrimas. Depois os enxugou com seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume.
Lucas 7:37,38


Nos tempos do Novo Testamento, era honroso para um judeu ter um rabino em sua casa. Um fariseu convida a Jesus para que vá ao banquete que lhe foi preparado. Uma mulher entra nesta reunião, aproxima-se de Jesus com um vaso cheio de unguento, prostra-se aos seus pés e começa a beija-los incessantemente, enfrentando os julgamentos, preconceitos, e paradigmas culturais, já que ela não tinha boa fama, poderia ser uma prostituta ou ter algum problema moral sério, está com seus cabelos expostos o que deveria ser uma desonra para ela, ousadamente toca ao mestre, num contexto onde os rabinos sequer cumprimentavam as mulheres nas ruas.

A maioria prefere ficar olhando de longe, pois aproximar-se de Jesus é colocar-se em risco. Os pecados são expostos, pela santidade de Cristo que nos constrange a mudar, e pelos julgamentos dos homens.

O unguento era envasado num recipiente de alabastro, uma pedra moldada como um vaso, com um gargalo que devia ser quebrado para que o perfume pudesse ser utilizado. Uma vez quebrado, o vaso não serviria mais para tal, pois não poderia se fechar. Aquela mulher não quebrou apenas o seu vaso, mas quebrantou o seu coração diante de Jesus.

Podemos extrair algumas lições deste relato de Lucas: 

Primeira lição: Seja ousado ao aproximar-se de Cristo em quebrantamento. Não permita que alguém esteja entre você e ele. Jesus está à espera de pecadores arrependidos e quebrantados, os homens fecham as portas, presumem saber o que Deus deve fazer ao seu respeito pensam que sabem qual deveria ser a opinião dele sobre você, mas invariavelmente ele nos surpreende correspondendo aos atos de entrega de um coração sincero. Não há justificativa para star longe de Cristo. As pessoas culpam a religião e os religiosos por sua falta de iniciativa dizendo "estive decepcionado com uma igreja" ou "estive decepcionado com tal líder". O fato de religiões e pessoas serem formalistas, julgadoras, cruéis e hipócritas não muda o fato de que Jesus veio buscar o que se havia perdido e para os enfermos, não para os sãos. Jesus desceu a nós, por causa de pecadores como você e eu, portanto encontre-o no quarto em sua oração particular, na leitura da Palavra de Deus e com certeza ele te dará a direção certa para encontrar pessoas amorosas e comprometidas com ele, que te ajudem a crescer na fé.

Segunda lição: Deixe que ele resolva as críticas. A mulher não precisou defender-se de seu acusador. Jesus é o nosso advogado à direita de Deus, ele não precisa que nos pronunciemos para fazer uma boa defesa. O seu argumento diante do Pai é indestrutível, plenamente aceitável, ele morreu por nós carregando o peso dos nossos pecados, portanto quando nos chegamos a ele podemos ter a certeza de que ele mesmo já levou os nossos pecados em seu corpo sobre a cruz. Nenhum pecador que toca em Jesus permanece como antes. Uma pessoa comum era considerada imunda ao tocar um leproso, um esquife, um defunto ou uma mulher durante e alguns dias após o fluxo de sua menstruação mas Jesus em todos este casos nunca ficou impuro, pelo contrário, os enfermos eram curados e os mortos ressuscitados.

Terceira lição: Tenha uma noção clara não só de quem é Jesus mas também de quem é você, e do tamanho de sua dívida. Jesus explica ao julgador fariseu que aquele que é perdoado de uma maior dívida, se torna mais grato, logo, consciente de seus pecados aquela mulher demonstra muito amor ao mestre. A nosso atitude de gratidão com relação a Cristo é proporcional à nossa percepção de nossos próprios pecados. 
Com certeza Jesus não quis dizer que aquele fariseu tinha menos que agradecer do que aquela mulher. A Bíblia nos ensina que todos pecaram, veja o que diz Isaías 64.6 na NVI:

"Somos como o impuro — todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniqüidades nos levam para longe." Isaías 64.6

Saiba mesmo os mais religiosos, mesmo aqueles que são considerados boas pessoas são injustos pecadores diante de Deus e precisam igualmente do seu perdão e misericórdia. Se os nossos atos de justiça, boas ações são abomináveis quando comparadas com a santidade de Deus, imagine os nossos pecados, por menores que pareçam!
A diferença entre o fariseu e a mulher não era o tamanho dos pecados ou a quantidade deles mas que a mulher reconhecia os seus pecados e o fariseu não. Quando entendemos o quanto Jesus é santo, e o quanto somos pecadores, temos a atitude correta diante dele, isto é
o que ele espera.


Conclusão


Com quem você tem se parecido mais diante de Jesus? Com a mulher pecadora ou com o fariseu religioso? Deixemos que as palavras de Jesus concluam a nossa reflexão:

Em seguida, virou-se para a mulher e disse a Simão: "Vê esta mulher? Entrei em sua casa, mas você não me deu água para lavar os pés; ela, porém, molhou os meus pés com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos.
Você não me saudou com um beijo, mas esta mulher, desde que entrei aqui, não parou de beijar os meus pés.

Você não ungiu a minha cabeça com óleo, mas ela derramou perfume nos meus pés.
Portanto, eu lhe digo, os muitos pecados dela lhe foram perdoados, pelo que ela amou muito. Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama".
Então Jesus disse a ela: "Seus pecados estão perdoados".
Os outros convidados começaram a perguntar: "Quem é este que até perdoa pecados? "
Jesus disse à mulher: "Sua fé a salvou; vá em paz". Lucas 7:44-50