Reflexão sobre Marcos 1: 12-15


12 E logo o Espírito o impeliu para o deserto,
13 onde permaneceu quarenta dias, sendo tentado por Satanás; estava com as feras, mas os anjos o serviam.
14 Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus,
15 dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.


O mesmo Espírito que repousou sobre Jesus, abrindo a possibilidade de sua permanência no interior do homem de maneira perene, levou Jesus para o deserto, onde passou um longo período (40 dias, conforme o relato de Mateus), onde foi tentado pelo diabo.

Muitas vezes em nossa vida estamos passando por desertos. Somos levados a pensar que estas provas ocorrem por falta de entendimento das coisas, por atitudes e decisões erradas e também por algum pecado não reconhecido, ou ainda por puro capricho de Deus. Mas esquecemos que esses períodos de deserto é onde a impossibilidade humana é escancarada e onde Deus mais atua imperceptivelmente. É o momento onde o “sentir Deus” deve ser substituído pelo “crer em Deus” de maneira clara e perseverante.

Quando lemos que o Espírito Santo o impeliu ao deserto, dá idéia de que esta decisão de ir para o deserto e ser tentado pelo diabo, já era algo planejado para que as forças da maldade pudessem se confrontar com um homem cheio do Espírito Santo, como descrito no versículo 13 que Ele estava com as feras naquele local. O fato dos anjos o servirem nesse contexto, vejo estreita relação com o descrito no Salmo 91, onde Davi discerne que Deus envia seus anjos para cuidar do homem que o teme, para que este não caia.

Em nosso período de deserto nos vemos sem chão. As direções a tomar poderão ser várias e o horizonte a vista é longínquo e árido, sem sinais de melhora. O sol castiga, a areia incomoda, as noites são frias e vazias, os perigos do deserto nos assustam. No entanto, Deus nos acompanha, mais próximo do que possamos perceber. E envia anjos conforme nossas necessidades para nos servir.

Enquanto João Batista pregava o arrependimento e o batismo nas águas para remissão dos pecados, Jesus após seu período de solidão no deserto, chega à Galiléia pregando o Evangelho de Deus, que consiste na anunciação da chegada de Seu Reino, no arrependimento e nas boas-novas.

Seria de se perguntar: como Jesus anuncia as boas novas com tanta convicção, antes de sua morte e ressurreição que são os eventos que sacramentam a obra vicária d’Ele em tirar o pecado do mundo?

Quando Jesus afirma que o tempo está cumprido, o faz porque o tempo é um fator inexistente no mundo espiritual. Para Deus, um dia é como mil anos e mil anos são como um dia. A bíblia narra que o Cordeiro de Deus foi imolado antes da fundação do mundo, ou seja, antes que houvesse pecado no homem, Deus já havia provido a redenção definitiva.

No entanto, sendo o homem um ser sujeito a dimensão do tempo e em não possuindo o mente de Deus, fez-se necessário que a humanidade caminhasse e se desenvolvesse, evoluindo na compreensão das coisas para que de um estado apartado de Deus pelo pecado, pudesse Deus gradativamente aproximar-se do homem, inicialmente através de sacerdotes itinerantes, posteriormente a Abraão, depois a Moisés, ao povo de Israel, a Davi, aos profetas, e finalmente revelando-se plenamente em Jesus-homem.

O apóstolo Paulo afirma que tal manifestação de Deus entre os homens ocorreu na plenitude dos tempos, onde nada mais havia para ser revelado por Deus como ordenança, sendo sua encarnação em Cristo a apoteose divina na história da humanidade. Daí Jesus anunciar no início de seu ministério “o tempo está cumprido” e no final “está consumado” para situar na dimensão do tempo na terra a manifestação da redenção garantida por Deus ao homem antes da fundação do mundo.

Artigo extraído do blog JORNADA NO EVANGELHO

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